ALGO QUE VALE A PENA, MESMO
A Bienal de São Paulo é experiência marcante, dessas diante a quais não se pode dizer que “tanto faz”. Na última década, creio ser esta que agora termina a minha terceira e, certamente, aquela em que mais me detive. Fui a São Paulo com o intuito primordial de vê-la, de cabo a rabo, custasse o que custasse.
E não me arrependi. Foram dois dias (tudo bem que não inteiros) percorrendo os três andares. Foram surpresas acontecendo em sequência, a peteca sempre se mantendo elevada, bem acima da cabeça.
No primeiro andar gostei dos trabalhos do americano David Moreno (explosão) , do tcheco Jiri Kovanda (carrinho e cupcake), do argentino Martin Legón (pedaço de bolo), da fotografia do peruano Edi Hirose e do pioneirismo concretista de Waldemar Cordeiro.
Em seguida, no segundo andar, bem no coração de tudo, o Bispo do Rosário estava como eu nunca o tinha visto, inteiro, comandante de exército, maestro insuperável. A ala desse artista, uns, digamos, seiscentos metros quadrados, é campo energético do qual não se sai vitalizado somente em caso de já se estar bem morto.
Um ponto alto desse andar esteve por conta da pintura do brasileiro Eduardo Berliner, mas também lá se encontra a do francês Bernard Frize (turbilhão). A da brasileira Lúcia Laguna, que eu queria ter visto, por algum motivo (cansaço e desencontro, provavelmente), não a vi. Por último, gostei também dos trabalhos dos brasileiros Cadu (trem e outras engenhocas) e f.marquespenteado, que creio ser discípulo direto do Bispo (são vizinhos de Bienal, ao menos). O fotógrafo paraense Alberto Bittar também me impressionou de modo positivo, ao contrário de seu quase conterrâneo, o amazonense Rodrigo Braga.
Enfim, suficiente para um primeiro dia. Vamos aos fa(o)tos; e digamos que, lá pelas tantas e de modo intermitente, meu olho se desviou para além das obras. O público da Bienal, óbvio, não é um público qualquer.
Que olhar bonito Andrés! Adorei ler o que escreveu, o que fotografou. Seu viés, sua leitura, seu universo dentro de outros que nos compõe. Estar lá, foi fundamental. Inclusive vi semelhanças na concepção da montagem com muitas salas da dOCUMENTA 13, em Kassel , Alemanha. As fotografias com traçados narrativos e esquadrinhados em grandes quantidades foram as mais marcantes. Seu olhar sobre o grande Bispo do Rosário faz de todos, seus personagens. Muito bom saber o quanto te envolveu, o quanto te levou a ter sua leitura e poder trazê-la pra gente comungar um pouco com o que foi vivido. Arte é o que nos faz conectar com o mais admirado e o mais aterrorizado do ser humano. Que venham outras tantas pra gente se olhar e também ser visto! Beijão pra você!!!!